terça-feira, 21 de fevereiro de 2012


MENSAGEM DO CARDEAL JOSÉ SARAIVA MARTINS,
NA BEATIFICAÇÃO DA SERVA DE DEUS
LINDALVA JUSTO DE OLIVEIRA


São Salvador da Bahia (Brasil), 2 de Dezembro de 2007

1. É para mim uma alegria verdadeiramente grande poder presidir durante a celebração eucarística, em nome do Santo Padre Bento XVI, ao solene rito da Beatificação da Irmã Lindalva: a primeira Filha da Caridade brasileira, a ser elevada às honras dos altares.

Desejo alegrar-me vivamente com a Igreja de Deus que está em São Salvador da Bahia, com as Filhas da Caridade das seis províncias brasileiras e, particularmente, com todo o Povo de Deus que encontrará nesta jovem religiosa do nosso tempo, o sentido de uma forte pertença, porque Lindalva é uma de nós. A sua família é uma das nossas famílias e hoje está aqui conosco. Uma mártir dos nossos dias, a ter como exemplo, em particular os jovens, pelo seu testemunho de simplicidade, de pureza, de alegria de viver, de doação a Cristo.

2. Num significativo capítulo da Exortação Apostólica Sacramentum caritatis, o Santo Padre Bento XVI sublinhou o nexo fundamental entre a celebração dos Divinos Mistérios e o testemunho de vida; entre a experiência de encontro com o Mistério de Deus, fonte de admiração profunda e de alegria interior e o dinamismo de um renovado empenho que nos leva a ser, efetivamente, "testemunhas do seu amor". A Beata Lindalva, torna-nos hoje, mais do que nunca, convictos de que é precisamente o testemunho coerente e luminoso dos crentes "o meio com o qual a verdade do amor de Deus atinge o homem na história, convidando-o a acolher livremente esta novidade radical" (Sacramentum caritatis, , 85).

Ressoa assim, com toda a sua força, a recente exortação de Bento XVI a considerar mais do que nunca necessário "repropor o exemplo dos Mártires cristãos, seja da antiguidade, seja dos nossos dias, em cuja vida e em cujo testemunho, levado até a efusão do sangue, se manifesta de modo supremo o amor de Deus" (Mensagem aos participantes da XII sessão pública das Academias Pontifícias, 8 de Novembro de 2007).

3. Com a sua beatificação, a Igreja consagra hoje o holocausto cruento da Irmã Lindalva, que com certeza sabemos agora, poderá interceder por nós, a fim de que possamos seguir com ela os passos de Cristo juntamente com São Vicente de Paulo e Santa Luísa Marillac, para fazer nossa a chamada aos valores essenciais do sermos cristãos e consagrados: o amor absoluto e coerente por Cristo e o seu Evangelho, a opção carismática preferencial pelos mais pobres da terra, a oração como fecunda raiz escondida do nosso operar, o otimismo da esperança, a alegria espontânea que sempre deveria acompanhar o nosso testemunho no mundo.

4. A alguém que um dia lhe perguntou o segredo de tanta alegria, assim respondeu a Beata Lindalva: "O coração é meu e pode sofrer, mas o rosto pertence aos outros e deve ser sorridente".

Desejo a todos, e invoco do Senhor para cada um, aquela vitalidade alegre que sabia transmitir aos outros, que é talvez a herança mais fascinante de Lindalva, para saber contagiar quem nos está perto, com a alegria inefável que mergulha as suas raízes nos pés de Cristo Ressuscitado, conscientes de que enquanto filhos de Deus, somos todos chamados a ser santos e que a santidade é um caminho de liberdade para cada um.

Com profunda veneração, é-me grato transmitir-vos agora a paterna e apostólica bênção do Santo Padre Bento XVI, para que todos percorram este caminho exaltante e exigente em direção à santidade.

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